A institucionalização em lar de idosos
As alterações verificadas no contexto familiar como a incorporação da mulher no mercado de trabalho, a diminuição da fecundidade, o menor tamanho do agregado familiar, as migrações do meio rural para o meio urbano, a maior mobilidade dos membros da família e a dispersão demográfica, estão a ocasionar a diminuição da população de cuidadores em casa.
Em sociedades com orientação para a autonomia dos membros da família e com estados providencia que investem em cuidados a idosos como é o caso dos países do Norte da Europa, a quase totalidade das ajudas e cuidados são prestados por profissionais.
Considerando a estrutura familiar moderna e as novas exigências sociais, o idoso, frequentemente tem de recorrer à institucionalização em lar de idosos | casa de repouso | lar de terceira idade | residência sénior. A esta mudança associa-se a necessidade de um processo de adaptação para que os idosos beneficiem de uma velhice bem-sucedida (Carvalho & Dias, 2011).
Para Carvalho & Dias (2011) institucionalização significa, por um lado, o ato ou efeito de institucionalizar, e, por outro, os efeitos observados nos idosos que são integrados no lar. A institucionalização das pessoas idosas, envolve valores, responsabilidades, crenças e necessidades. Torna-se uma problemática social e familiar na medida em que é uma questão de difícil gestão porque, associada à institucionalização do idoso, surgem muitas vezes tensões familiares e sentimentos de culpa partilhados pela família.
Pimentel (2001:74) afirma que “a estadia da pessoa idosa em casa nem sempre é a melhor solução e que é necessário considerar um conjunto de fatores, entre os quais: o grau de dependência do idoso, o tipo de apoio de que precisa e as reais possibilidades da família”.
Independentemente de a institucionalização ser por vontade do idoso ou por sugestão de familiares, amigos ou vizinhos, esta “ pode ser vista como um ganho, pelo recurso à oferta de acompanhamento e de cuidados, principalmente se a doença lhe impõe, ou vier a impor, limites sérios à sua funcionalidade.” (Cardão, 2009:40).
Segundo Gineste & Pellissier (2007) é necessário ultrapassar o discurso culpabilizante fundado em conceções ultrapassadas. Para os autores não é um mal, na nossa sociedade atual, recorrer a profissionais ou desejar trabalhar quando uma pessoa da nossa família se vê confrontada com a doença ou com a insuficiência. Não é um mal refletir com essa pessoa se a possibilidade de vida e preservação da sua saúde podem ser asseguradas.
Para os autores, o importante é desenvolver serviços e instituições em que as pessoas confrontadas com a doença ou com a insuficiência sejam ajudadas e tratadas por profissionais qualificados, respeitando os valores de cada indivíduo e tendo todas as condições institucionais necessárias.
Apesar do investimento que tem sido feito, muitas instituições para pessoas idosas ainda não se encontram preparadas para proporcionar aos seus utentes serviços individualizados que respeitem a personalidade, a privacidade e os modos de vida diversificados. É assim, da responsabilidade da instituição, arranjar formas para que o idoso se sinta confortável, dando-lhe a possibilidade que conseguir ter um envelhecimento com qualidade. A instituição juntamente com a família terá de conhecer o idoso nos seus vários campos, possibilitando o ajuste de formas de apoio às suas necessidades e desejos, não se pode esquecer que o idoso continua a ter aspirações e vontades próprias.
É neste sentido, que Bocage Senior Residence prima pela diferença, pretendendo ser uma extensão da casa de cada residente. Este lar de idosos, situado no centro de Lisboa, tem capacidade para apenas 25 residentes, não tem horário de visitas e respeita horários e gostos de cada utente. Para além disso funciona tendo como base a filosofia Humanista.
Segundo Vieira (2006) os residentes esperam dos profissionais um conhecimento técnico e um atendimento humanizado. Para a autora, o desafio que se coloca à humanização no cuidar diz respeito à possibilidade de se estabelecerem programas e políticas pautadas a partir da dignidade, da palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo e da solidariedade. É essencial que a humanização seja reconhecida por todos os intervenientes que colaboram com a instituição, uma vez que, cada um destes profissionais tem a sua parcela de contribuições.
A formação em contexto institucional deve ir além das técnicas de cuidados de saúde. Esta é uma filosofia de cuidados que liga ciência e consciência, que nos interroga sobre o que é uma relação de cuidados entre pessoas.
É necessário identificar lacunas, abrir consciências de colaboradores/dirigentes, otimizar a qualidade de serviços prestados ao residente e, consequentemente, a satisfação e motivação dos profissionais na aplicação da metodologia de trabalho.
Lar de idosos Lisboa – Bocage Senior Residence
Bibliografia:
Cardão, S. (2009). O idoso institucionalizado (1ª ed.). Lisboa: Coisas de Ler.
Carvalho, P. & Dias, O. (2011). Adaptação dos Idosos Institucionalizados. Millenium, 40: 161‐184.
Carvalho, M. I. (2011). Serviço Social e envelhecimento ativo: teorias, práticas e dilemas profissionais. Lisboa: Lusíada, Intervenção Social.
Gineste, Y. Pellissier, J. (2007). Humanitude, Cuidar e compreender a velhice. Lisboa: Instituto Piaget.
Pimentel, L. (2001). O lugar do idoso na família: Contextos e Trajectórias. Coimbra: Quarteto Editora.
Vieira, M. (2006) – Representações da Humanização de Cuidados de Enfermagem – Parte 2. Revista (in)Formar, Julho. Dezembro, XII, 37: 38 – 41.